Essa dica pode parecer um enorme “chover no molhado”, mas acreditem: como todo bom geek, odeio ficar andando por ae com dinheiro em espécie e dou preferência a usar métodos mais modernos, como o cartão de crédito ou Apple Pay (basta aproximar o celular e pagar). Mas amigos, viajar contando que ele irá funcionar sempre, além de inocência, é pedir pra pagar mais caro em tudo.
Recentemente decidi viajar para os Estados Unidos e não havia feito um prévio planejamento, o que é um enorme erro. Paga-se mais caro em hospedagem, passagens e todo o resto. Mas como eu quis aproveitar que os negócios andavam devagar e não adiantava eu ficar tentando convencer clientes que não existe crise e o momento era bom pra investimentos, optei por ir dar uma relaxada, longe de tantas notícias ruins nos noticiários.
Fiquei praticamente 4 semanas em Nova Iorque e levei meros USD 80, que sobraram de outra viagem que havia feito. Fui confiante que os Estados Unidos são um país civilizado e todo e qualquer lugar aceitaria cartão de crédito, pois existem inúmeros meios de fornecer essa comodidade ao seu cliente, como o Square, um pequeno leitor que trabalha acoplado a um smartphone/ tablet e custa meros USD 10 (valor esse devolvido ainda no primeiro mês, conforme o comerciante faz uso do mesmo).
Aqui no Brasil, muitos pequenos comerciantes estão fazendo uso de soluções parecidas, como a do Pagseguro. Porém, seja por ignorância, seja pelo fato de não aceitar perder um percentual em suas transações (mesmo que muito pequeno, algo menor que 3%), seja para que o governo não fique ciente do seu faturamento (e possa lhe tributar mais ferozmente) ou qualquer outro, muitos pequenos comerciantes em Nova Iorque, a dita “capital do mundo”, só aceitam dinheiro.
Como dito antes, eu viajei com meros USD 80. E, logo no primeiro dia, uma taxista maldita me levou USD 50. Ou seja, fiquei com apenas USD 30 pra passar quase 30 dias. Dá pra viver com USD 1 por dia? No meu caso, não! Principalmente porque eu fiquei em Nova Jersey e o ônibus que me levava para Nova Iorque todos os dias custava USD 3 e só aceitava dinheiro. Logo bateu meu desespero e fui sacar num ATM conveniado ao meu cartão. Mesmo eu aceitando pagar “taxas de conveniência”, um câmbio bem maior e tudo o mais, era raro quando meu cartão não era bloqueado por alguma tentativa de fraude e me fornecia o dinheiro. Várias vezes eu tinha o cartão bloqueado e ele simplesmente cuspia um papel dizendo que a transação foi negada.
A essa altura vocês devem estar me chamando de burro. Sim, eu mereço. Mas eu acreditei que tudo iria funcionar perfeitamente, especialmente porque eu avisei a emissora do cartão (por email, redes sociais e até telegrama) que iria viajar, informando o período e o país. Me informei também sobre as regras de uso do cartão, as condições de saque e tudo o mais. Ou seja, fiz tudo conforme o figurino.
E qual é a minha recomendação pra se evitar o cartão de crédito em viagens internacionais? Não vale a pena usar cartões pré pagos. O dólar é bem acima do praticado pelo mercado e também incide o IOF (agradeça a Dilma por isso). Assim, eu acredito que a melhor forma ainda seja comprar dólar por aqui, levar contigo (existe um limite de USD 10,000) e ao chegar no país, abrir uma conta num banco local, depositar o dinheiro e usar tudo no débito, sem a cobrança de taxas extras, IOF, etc.
Se você estiver indo para os Estados Unidos, pode abrir uma conta no Bank of America ou TD Bank. São os bancos que tem mais facilidade e não cobram taxa. Tentei abrir em outros e não consegui. Nesses dois é só chegar com uns USD 100 pra depósito, o passaporte e dentro de uns 30 minutos sairá com um cartão provisório. É bom lembrar que não existe taxa de abertura, mas existe taxa de manutenção. Porém, se você zerar a conta antes de ir embora, a conta é encerrada e não terá problemas. Mas, caso queira manter a conta aberta, precisa deixar um valor mínimo para que não seja cobrada mensalidade. Isso varia de banco pra banco.
Espero sinceramente que você não faça a mesma cagada que eu, viajando apenas com cartão de crédito. Vai evitar passar raiva e pagar mais caro, seja num câmbio bem desfavorável, seja jogando no lixo 6,38% (IOF) sobre tudo que você gastar. Leve sim seu cartão, mas use-o apenas como emergência.
No passado, eu também viajava com pouco dinheiro, mas usava o HSBC para sacar em moeda local, debitando em minha conta do Brasil, pelo dólar comercial do dia, pegava o dinheiro e ia depositar no Bank of America. Não existia nenhuma taxa e não comia IOF. Mas, novamente, graças a fúria arrecadatória do governo, agora incide IOF. Assim, ainda é mais negócio levar o dinheiro daqui.